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CONFLITOS RACIAIS – Crimes de ódio nos EUA atingem o mais alto nível em 12 anos

O FBI (Federal Bureau of Investigation) computou 7.759 crimes de ódio em 2020, um número só comparável ao de 2008, quando o país entrou em recessão. Em vez de regredir, o número de crimes de ódio nos EUA vem aumentando progressivamente: de 2014 a 2020 o aumento foi de cerca de 42%. Em relação ao ano anterior (2019), o número de crimes de ódio aumentou 6%, segundo um relatório do FBI divulgado nesta semana.

Grande parte dos crimes de ódio registrados pelo FBI foram contra pessoas negras, mas o que pesou na balança foi o aumento do número de agressões contra pessoas de origem asiática. A organização STOP AAPI Hate relatou 6.603 casos de crimes de ódio de março de 2020, quando começou a pandemia de coronavírus no país, a março de 2021.

As organizações de defesa dos direitos civis atribuem o aumento de agressões a asiáticos ao discurso xenofóbico do então presidente Donald Trump contra os chineses. Entre outras coisas, o ex-presidente chamava o coronavírus de “vírus chinês”.

Essa linguagem teria alimentado o ódio de membros de organizações pró-supremacia branca contra asiáticos em geral, porque muita gente não sabe distinguir um japonês ou um vietnamita, por exemplo, de um chinês.

Segundo a organização, 65% desses incidentes envolveram agressões verbais, enquanto 12,5% envolveram agressões físicas, muitas delas resultando em morte.

Curiosamente, o número de crimes de ódio contra judeus, os tradicionais alvos dos movimentos ligados à supremacia branca e ao nacionalismo, diminuiu de 953 em 2019 para 676 em 2020, segundo o relatório do FBI.

Mas a organização Anti-Defamation League, que usa uma definição mais ampla de crimes de ódio, computou 2.024 incidentes de agressão, ameaça e vandalismo contra judeus em 2020, que também representa uma pequena queda em relação a 2019, mas é o terceiro maior número de casos registrados historicamente.

Entidades que representam a população negra, asiática e judaica afirmam que os números apresentados pelo FBI estão muito abaixo da realidade. O relatório do FBI reconhece essa possibilidade, porque o órgão recebeu informações de apenas 15.136 delegacias de polícia das 18.623 existentes no país. E algumas delas relataram zero incidentes.

Mas o relatório do FBI dá uma boa ideia da progressão dos crimes de ódio nos EUA e a motivação:

Raça/afiliação étnica/ancestralidade

4.939

Religião

1.174

Orientação sexual

1.051

Deficiência (mental/física)

83

Gênero

71

Identidade de gênero

236

Múltiplos preconceitos

205

Total

7.759

Ataques a pessoas de cor aumentaram de 1.930 em 2019 para 2.755 em 2020. Mas também aumentou o número de crimes de ódio contra pessoas brancas para 773 — um aumento de 16% em relação ao no anterior.

Do total de crimes de ódio, 3.633 foram cometidos por pessoas brancas, 1.309 por pessoas negras, 378 por pessoas de “mais de uma raça” e, em 1.080 casos, a raça não foi identificada nas ocorrências policiais.

João Ozorio de Melo – Conjur

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