A militância e os enfrentamentos da mulher advogada criminalista
Glenda Frances de Moraes *
Mais um ano se inicia e como todo começo é tempo de novos desafios e enfrentamentos, aqui estou, para falar uma fração dos vieses da militância e os enfrentamentos da mulher advogada Criminalista.
Todos sabemos dos direitos já conquistados pela mulher no mercado de trabalho, ainda assim, em razão do gênero, o desafio é imenso, diário e constante.
A escolha de ser advogada aumenta o desafio, pois a advocacia foi por muitos anos, predominante e quase exclusivamente masculina.
Para uma mulher, advogada, dentre as áreas de atuação do direito, escolher se tornar criminalista, na minha opinião é o maior dos desafios.
Se como dizia Sobral Pinto “a advocacia não é profissão de covardes”. Definitivamente a advocacia criminal muito menos, pois é a classe que mais sofre preconceito, desrespeito e violação em suas prerrogativas profissionais.
E além de todos os enfrentamentos da advocacia criminal, nós mulheres ainda barramos na dificuldade em razão do gênero, na necessidade de conciliar a dupla jornada e na maioria dos casos com os desafios da maternidade. A cada escolha uma crítica a ser enfrentada, por se tornar menos esposa, menos mãe, menos administradora do lar.
Para conquistar uma posição de respeito e notoriedade, além de estudo, dedicação e empenho, são muitas renúncias que ninguém vê e muitas vezes, a mulher ainda enfrenta julgamentos severos e desrespeitos, que tentam colocar em dúvida sua idoneidade e competência.
Ser mulher, se tornar advogada e escolher ser criminalista é um caminho árduo e desafiador, todavia extremamente gratificante.
A advocacia criminal, além de demandar estudo, competência e foco, necessita de muita paixão, humildade e resiliência, aliadas a uma alta combatividade, que são características antagônicas, mas se amoldam perfeitamente ao gênero, o qual tanto lutou e permanece constantemente lutando pela conquista da igualdade de direitos.
E para finalizar, ouso dizer que embora os enfrentamentos da mulher, da advogada e da criminalista sejam grandes e árduos, a advocacia criminal foi feita para mulheres. A Criminalista consegue ser combativa, sem ser agressiva, tem um misto de delicadeza e força, inerentes ao “sexo frágil”, que de frágil não tem
*Advogada Criminalista. Pós-graduada em Direito Penal e Direito Processual Penal. Secretária da AACRIMESC Gestão 2024/2026. Associada da ABRACRIM.