Medalha de Ouro para Sustentabilidade nas Olimpíadas
* Luiz Eduardo Filizzola D’Urso
De quatro em quatro anos ocorrem os Jogos Olímpicos, que consistem em uma série de competições, cada vez realizados em uma cidade-sede distinta. Estes Jogos têm como objetivo, a partir das competições em diversas modalidades esportivas, criar uma maior conexão entre todas as nações.
Neste ano, a cidade de Tóquio sediou esta Olimpíada, repleta de novidades, pois, além da inclusão de novas modalidades como o skate, o surfe, a escalada esportiva, o caratê e o beisebol, esta edição olímpica inovou principalmente com relação a sustentabilidade, demostrando uma preocupação real com o meio ambiente.
Ainda antes do início dos Jogos, uma informação chamou a atenção do mundo, surpreendendo todos, de que o material com o qual foram confeccionadas as camas dos jogadores olímpicos era o papelão. A fabricante Airweave anunciou que as 18 mil camas foram montadas com peças modulares e recicláveis de papelão, o que representou uma extraordinária inovação de um evento mais verde, que poderá ser adotada em outras iniciativas pelo mundo afora.
Além disto, outro aspecto que também foi destaque como iniciativa exemplar de sustentabilidade, foi o fato de que, a peça fundamental de toda Olimpíada, a medalha, também foi confeccionada com material reciclável. Cada uma das 5 mil medalhas, tanto de ouro, como de prata e de bronze, é de material reciclável, desse modo, ao invés de se extrair todos estes metais da natureza, foram recolhidos e utilizados como fonte mais de 6 milhões de celulares e cerca de 78 toneladas de lixo eletrônico. Este lixo eletrônico, composto por computadores, tablets, monitores e outros aparelhos usados, se não for descartado corretamente, polui e pode contaminar o meio ambiente.
E não acaba por aí, pois além das camas e medalhas, também os pódios, utilizados para premiação dos atletas, e os uniformes daqueles que carregaram a tocha olímpica, foram feitos de plástico reciclado, que foi recolhido previamente em pontos de coleta ou retirado do oceano. A atitude é inédita nas Olimpíadas e de grande impacto para formação de uma conscientização ambiental global, impactando também materialmente, pois foi evitado o descarte como lixo ou retirado do meio ambiente, quase 45 toneladas de resíduos.
A preocupação em dar exemplo de sustentabilidade também levou a organização dos Jogos a se comprometer em reaproveitar ou reciclar 65% dos resíduos gerados durante o evento, além de oferecer um novo uso para 99% dos itens utilizados especificamente nos Jogos.
Também havia previsão de outra iniciativa importante, de se utilizar o hidrogênio como fonte de energia nos veículos responsáveis pelo transporte dos atletas, nas caldeiras da Vila Olímpica e na tocha olímpica, para, desta forma, reduzir a poluição e a emissão de dióxido de carbono na atmosfera, porém, isto não foi possível em decorrência das dificuldades impostas pela pandemia.
Diante de tudo isso, em comparação com as edições anteriores, esta Olimpíada mostrou-se altamente sustentável e conscientizadora da importância do cuidado que precisa haver com o meio ambiente, especialmente diante da crise ambiental existente e, por esta razão, a edição das Olimpíadas de Tóquio recebe a Medalha de Ouro da Sustentabilidade.
* Luiz Eduardo Filizzola D’Urso – Acadêmico de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Conselheiro Suplente de Meio Ambiente do Conselho Estadual da Juventude do Estado de São Paulo, Integrante do Escritório D’Urso e Borges Advogados Associados e Vice-Presidente da Comissão Nacional dos Acadêmicos de Direito e Estágio Profissional da Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas (ABRACRIM).