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ONU DESTACA MULHERES NA LIDERANÇA: ALCANÇANDO UM FUTURO IGUAL EM UM MUNDO DE COVID-19

ONU DESTACA MULHERES NA LIDERANÇA: ALCANÇANDO UM FUTURO IGUAL EM UM MUNDO DE COVID-19


Nilse Berlatto Leite*

Muitas pessoas ansiavam por um dia folga do trabalho, para dormir até mais tarde, ficar com a família, passear sem se preocupar com a hora de voltar. Um momento em que a preocupação primeira seria apenas o divertimento e o compartilhar da companhia dos seus.

Este tempo chegou em 2020, com a pandemia da COVID-19.

Mais que uma folga do trabalho, pode-se dizer que muitos foram os dias em que se pode dormir até mais tarde, muitos foram os dias em que se pode desfrutar da companhia dos familiares, participar mais ativamente da criação dos filhos, saborear da companhia dos pais, que pelo cansaço da rotina diária não davam a atenção devida.

Mas 2020 não foi exatamente o ano que todos esperavam.

A rotina da maioria foi alterada de maneira substancial e o tão sonhado “fique em casa” tornou-se pesadelo, inclusive para homens que não estão habituados à rotina da casa, que trabalhando fora o dia todo, não participam ativamente da criação dos filhos, da sua rotina escolar, das alegrias cotidianas, tampouco das angústias.

Contudo, enquanto tudo isso acontece, a casa está organizada, a comida está na mesa, as contas estão pagas, as festas de aniversário são sucesso, amigos são recepcionados com aquele calor humano inigualável, os filhos estão com as tarefas de escola feitas, são consolados quando se frustram. Enfim, a vida segue, independentemente das circunstâncias.

E quem sempre está lá para que tudo isso aconteça de maneira harmoniosa, como que transcrevendo a letra de uma canção de amor?

Exatamente. A mulher é a pessoa capaz de viver a própria vida e cuidar do marido, do companheiro, dos filhos, dos amigos, dos parentes sanguíneos ou por afinidade, sem se cansar ou reclamar. Aquela que outrora era considerada a “rainha do lar” pela capacidade de gerir a casa com maestria e a vida de todos da família e ainda se apresentar disposta no fim de um longo dia, pois este era seu ‘dever’, hoje continua sendo a ‘rainha do lar’, pela capacidade absoluta de ser resiliente quando a vida assim o exigir.

Para que hoje a mulher tenha direitos assegurados, há séculos a vida de mulheres muitas vezes anônimas, donas de casa, operárias, empreendedoras, profissionais liberais, vem sendo impactada. As mudanças de hoje são o resultado de lutas travadas por direitos outrora negados por uma sociedade que não enxergava a mulher como pessoa, capaz e independente.

Com a pandemia da COVID-19, novas lutas são necessárias. Direitos básicos como a vida e a segurança estão sendo vilipendiados por pessoas que deveriam representar o ponto de equilíbrio quando o ‘mundo lá fora’ desaba. A violência nos lares é uma realidade dolorida, mas que precisa ser vista. E por todos, homens e mulheres.

Contudo, nem só as lamentações merecem evidência. A luta pela igualdade entre homens e mulheres vem sendo destacada por várias entidades civis e, em especial, em 2021, pela Organização das Nações Unidas. “Mulheres na liderança: Alcançando um futuro igual em um mundo de COVID-19″, é o tema anunciado pela ONU para este ano, em especial no 8 de março.

A luta não é somente por igualdade de gênero, de remuneração, divisão do trabalho doméstico, mas pelo reconhecimento, empoderamento e liderança em todos os aspectos da vida, inclusive empresarial e político, destacando os tempos de pandemia, quando a crise social se agravou.

O tema sugerido pela ONU reconhece o trabalho desenvolvido pelas mulheres que lutam incansavelmente por melhores destinos, sem violência ou discriminação. A luta de mulheres que buscam o melhor para tantas outras que não têm as mesmas condições de lutar.

E a mulher advogada é, sem dúvida, uma agente que assegura direitos constitucionalmente protegidos, mas nem sempre respeitados. Que o tema da ONU para 2021 seja um ensaio para o restante de nossas vidas.

Que mais mulheres se destaquem pela capacidade de serem elas mesmas. Que as desigualdades diminuam. Que possam se sentir seguras em seus lares. Que seu trabalho seja reconhecido pela excelência. Que sejam quem de fato são: mulheres.

***Nilse Berlatto Leite é advogada e presidente da Comissão da Mulher ABRACRIM/MT

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