Skip links

RESSOCIALIZAÇÃO

Estou preso, mas aprendi que vivemos duas realidades: A realidade comum essencial e a realidade incomum acidental. A realidade comum é aquela na qual nascemos e nos construímos como pessoa do bem: Alimentação, trabalho, lazer, amor, sexo e vida feliz apesar de qualquer coisa além do bem e do mal. É a vida. Entretanto, a realidade incomum acidental nos segue silenciosamente. É aquela do momento do ódio, da emoção sem controle, da agressão, da separação, da lesão, da dor, do fim da vida, da ação impensada e da morte provocada. A realidade acidental do momento em que matamos, roubamos, ferimos, estupramos, traficamos e violentamos. Então essa realidade nos leva necessariamente à prisão por longos e longos anos. O que fazer agora? Como farei para voltar à realidade comum do homem de bem se estou condenado a cumprir 27 anos de reclusão? Solução que penso: alguém terá que me ajudar a compreender a realidade da prisão. Eu tenho que entender essa nova realidade para que eu possa me recuperar. Então preciso ser tratado bem, preciso de uma prisão para homens, e não para zumbis; preciso ter esperança, preciso ocupar minha mente, preciso trabalhar, preciso, preciso cuidar da minha família, compreender que poderei voltar à realidade comum essencial, preciso que me eduquem, preciso que cuidem da minha saúde, não posso acreditar que eternamente viverei como criminoso e preso com uma incontrolável vontade de fugir a qualquer custo. Preciso que me ajudem a criar uma realidade que me permita cumprir a minha pena e voltar a viver a realidade essencial voltada para o bem. Quem sabe se me tratarem como homem eu ainda possa ser útil antes do meu fim.
Erivelton Lago – Presidente ABRACRIM-MA

X