Tuberculose em presídios é emergencial de saúde e de direito humanos

Por Redação – 12/12/2016
A Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou uma matéria sobre os índices de tuberculose na população carcerária brasileira. De acordo com os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS),  a incidência da tuberculose está em 33 casos para 100 mil habitantes em média para a população em geral e entre os detentos esse indicador sobe para alarmantes 932 ocorrências.
Para os especialistas é caso emergencial de saúde e de violação dos direitos humanos, uma vez que a disseminação da doença ocorre em virtude da superpopulação carcerária provocada pelo encarceramento massivo, especialmente da população negra e mais pobre.
Além disso, os especialistas apontam também a falta de ventilação e iluminação nas unidades prisionais, a má-nutrição e o uso de drogas.
Para Margareth Dalcolmo, pneumologista e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), “estar preso é um fator de risco, ter passado pelo sistema prisional também”. Completa dizendo que “é frustrante que estejamos diante de uma doença benigna, fácil de ser diagnosticada, com tratamento de boa qualidade e, mesmo assim, tenhamos esse universo perverso no sistema carcerário no Brasil”.
Além dos fatores dos presídios, os especialistas também apontam que as condições do atendimento médido no sistema penitenciários é fator preocupante pois o diagnóstico e o início rápido do tratamento são essenciais para conter o avanço da doença tanto na pessoa infectada como no ciclo de transmissão.
A pesquisadora do Núcleo de Pesquisa em Microbiologia Médica (NUPEMM) da Universidade Federal do Rio Grande (FURG) e professora da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), Mariana Valença, afirma que a transferência de presos para a realização de exames fora da penitenciária ocasiona atrasos de diagnóstico da tuberculose. “Precisamos apoiar o diagnóstico intramuros. Poucos estados possuem esse suporte”.